>

27 de jan. de 2010

FERNANDO PESSOA – Qualquer Música...




PEDRO LUSO DE CARVALHO

FERNANDO PESSOA nasceu em Lisboa, no dia 13 de junho de 1888. Teve um único irmão, Jorge, mais novo que ele, que morreu em 1894, com apenas um ano de idade. Antes de completar seis anos, o menino Fernando ficou órfão de pai. Em 1896, já com oito anos, passou a morar em Durban, na África, com a família, a mãe e o padrasto Miguel Rosa. Aí, o padrasto assume o cargo de cônsul de Portugal.
Dez anos, foi o tempo que residiu nesse continente, período em que adquiriu a base de sua cultura literária (Milton, Shelley, Shakespeare, Tennyson, Pope e outros). As aulas recebidas em Durban foram ministradas na língua inglesa.
Na África, nasceram os seus primeiros poemas, assinando-os com os nomes de Alexander Search e Robert Anon, enquanto realizava os seus estudos; o primário numa escola de freiras irlandesas, e o secundário na Durban High School.
Em 1905, regressou sozinho a Lisboa, onde redescobre sua cultura e literatura: Cesário Verde, Antônio Nobre, Antero de Quental, Camilo Pessanha, Mas quem o influenciou fortemente foi Camões, embora tenha demonstrado pouco interesse pelo criador de Os Luzíadas, fato que se deve a sua ânsia de superar o mestre – o “pai” , – como diz Harold Bloom, autor de The anxiety of influence.
Segue o poema Qualquer música..., de Fernando Pessoa (in Poesia. 1918 – 1930 / Fernando Pessoa. Edição Manuela Parreira da Silva, Ana Maria Freitas, Madalena Dine . – São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 285):

QUALQUER MÚSICA...
FERNANDO PESSOA


Qualquer música, ah, qualquer,
Logo que me tire da alma
Esta incerteza que quer
Qualquer impossível calma!

Qualquer música – guitarra,
Viola, harmónio, realejo...
Um canto que se desgarra...
Um sonho em que nada vejo...

Qualquer coisa, que não vida!
Jota, fado, a confusão
Da última dança vivida...
... Que eu não sinta o coração!


5-10-1927

          *  *  *

FERÊNCIA:

MOISÉS, Carlos Felipe. Fernando Pessoa: almoxarifado de mitos. São Paulo: Editora Escrituras, 2005. (Coleção Ensaios Transversais.)



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Logo seu comentário será publicado,
muito obrigado pela sua leitura e comentário.
Meu abraço a todos os amigos.

Pedro Luso de Carvalho