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17 de ago. de 2012

[Poesia] LUÍS DELFINO / A Saída


Por Pedro Luso de Carvalho


LUÍS DELFINO, cujo nome completo era Luís Delfino dos Santos, nasceu a 25 de agosto de 1834, na localidade de Destêrro, atual capital do Estado de Santa Catarina, Florianópolis; portanto, teve Cruz e Souza como seu conterrâneo. No Rio de Janeiro, formou-se em medicina. Destacou-se tanto como médico e como poeta. No Senado da República, representou o seu Estado natal. Nenhum livro de sua poesia foi publicado em vida. Teve publicada apenas a sua tese médica. Já a sua produção poética foi publicada em jornais e revistas. Seu filho, Tomás Delfino, encarregou-se de reunir grande parte dessa produção poética, que se encontrava dispersa. Álvaro Lins destaca que o traço mais curioso da personalidade literária de Luís Delfino “é haver ele refletido os três movimentos poéticos do século: o romantismo, o parnasianismo e o simbolismo”.

Obras do poeta, todas publicadas no Rio de Janeiro: Algas e Musgos, sem data; Poemas, 1928; Poesias Líricas, 1934; Íntimas e Aspásias, 1935; A Angústia do Infinito, 1936; Atlante esmagado, 1936; Rosas Negras, 1938; Esboço da Epopeia Americana, 1939; Arcos de Triunfo, 1940; Imortalidades (I, II e III vols.), 1941 e 1942.

Luís Delfino morreu na cidade do Rio de Janeiro, a 31 de janeiro de 1910, aos 76 anos de idade.

Segue o poema de Luís Delfino, intitulado A Saída (In Roteiro Literário de Portugal e do Brasil. Álvaro Lins e Aurélio Buarque de Hollanda. vol. II. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966, p. 115-116.):


                                   [ESPAÇO DA POESIA]

                    A SAÍDA
                             (Luís Delfino)


O galo canta: o ar, que freme, é quente:
Desce ruflando pelo vale o vento;
Há no horizonte os rolos de uma enchente
Do mar, que invade e doira o firmamento.


Toca a sineta; vem saindo a gente
Da senzala, num jorro sonolento:
Depois da reza, a passo  tardo e lento,
Enxada ao ombro, dois a dois em frente,


Ao eito vão pelo carreiro aberto:
O mato cheira, rumorejam ninhos
No cafezal, de branca flor coberto...


Há um grande chilrar de passarinhos...
E enquanto o escravo vai... segue-o de perto
A risada da luz pelos caminhos...

                         

                                                *

                                     (Rosas Negras, Rio de Janeiro, 1938, pág. 49.)

                              *  *  *


5 comentários:

  1. Ola Pedro!
    Bom te visitar...... aei este poema ...
    Obrigada por me apresentar Luiz delfino e sua poesia!!

    abraco..

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  2. Gostei muito da expressão que ele usou:
    "A risada da luz pelo caminho."
    Fiquei pensando como seria a risada da luz. Seria um dia de sol sem calor?
    Beijos!!!

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  3. Oi Pedro,
    Intrigou-me também a "risada da luz",
    seria o contraste da condição de escravos com a feliz liberdade ali sugerida pela luz do sol, ou simplesmente a própria alegria contida na luz?
    Gostei muito.

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  4. Está na Folhinha Poética. http://folhinhapoetica.blogspot.com.br/2013/03/29mar13-luiz-delfino.html

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Pedro Luso de Carvalho