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20 de out. de 2012

[Poesia] CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE – Jacutinga


– PEDRO LUSO DE CARVALHO

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE publicou o seu primeiro livro, Alguma poesia, em 1930, no qual reuniu as poesias que escreveu a partir de 1925. Alguma poesia foi muito bem recebida pela crítica literária e pelo público leitor, mas sem unanimidade, posto que se fez presente na época reação de contrariedade.
Em Alguma poesia aparecem alguns modismos, que foram colhidos no modernismo, mas isso não seria obstáculo para a formação do grande poeta, o de fato aconteceu. Efetivamente, dentre os poetas que surgiram em data próxima a Semana da Arte Moderna (1922), Drummond seria o destaque maior, juntamente com João Cabral de Melo Neto e com Manoel Bandeira. Esse fato pode ser constatado pelos livros de Drummond que se seguiram a este, como: Brejo das almas, 1934; Sentimento do mundo, 1940; A rosa do povo, 1945; Claro enigma, 1951.
Segue o poema Jacutinga, de Drummond (In Menino Antigo/ Boitempo - II. Carlos Drummond de Andrade. 2ª ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1974, p. 11):

[ESPAÇO POESIA]


JACUTINGA

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE


As rochas são as mesmas que
em Vila Rica, tendo-se em-
contrado na Jacutinga pla-
cas de ouro, de que a maior
chegou a pesar meia libra.
ESCHWEGE, Pluto Brasiliensis.


É ferriouro; jacutinga.
A perfeita conjugação.
Raspa-se o ouro: ferro triste
na  cansada mineração.
A jacutinga de hematita
empobrecida revoltada
perfuma os jazigos do chão
despe o envoltório mineral
e voa.
Até os metais criam asa.




*  *  *


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Pedro Luso de Carvalho