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25 de set. de 2012

OPACO – Carlos Drummond de Andrade





      – PEDRO LUSO DE CARVALHO

Carlos Drummond de Andrade Também  foi jornalista; desempenhou importantes cargos nos jornais Diário de Minas, Minas Gerais, entre outros. Escreveu crônicas, nos anos de 1954 a 1968, para o Jornal carioca, Correio da Manhã, com o título geral de “Imagens”. Depois passou para o Jornal do Brasil, onde manteve uma coluna no Caderno B.
Drummond também foi funcionário público; exerceu funções no Governo de Minas Gerais e depois no Rio de Janeiro; foi chefe do gabinete do Ministro da Educação, Gustavo Capanema, de quem era amigo. Integrou a equipe do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Aposentou-se após 35 anos de serviço.
O poeta fez sua estreia em livro no ano de 1930, com Alguma poesia, Nessa obra, o poeta reuniu trabalhos que havia começado a produzir a partir de 1925. A crítica literária e o público leitor recebeu o livro (Alguma poesia) com forte reação, quer de elogios quer de contrariedade.
Nesse livro, Alguma poesia aparece alguns modismos, que foram colhidos no modernismo, mas isso não seria obstáculo para a formação do grande poeta, o de fato aconteceu.
Segue o poema Opaco, de Carlos Drummond de Andrade (in Andrade, Carlos Drummond de. Claro enigma. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 1991, p. 43-44):


OPACO
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE


Noite. Certo
muitos são os astros.
Mas o edifício
barra-me a vista.

Quis interpretá-lo.
Valeu? Hoje
barra-me (há luar) a vista.

Nada escrito no céu,
sei.
Mas queria vê-lo.
O edifício barra-me
a vista.

Zumbido
de besouro. Motor
arfando. O edifício barra-me
a vista.

Assim ao luar é mais humilde.
Por ele é que sei do luar.
Não, não me barra
a vista. A vista se barra
a si mesma.


*  *  *





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Pedro Luso de Carvalho